Sede do CPE, que abriga tropas de elite da PM, também é o endereço de 12 presos ‘ilustres, como Adail e Raphael Souza
JORNAL A CRÍTICA
Adail Pinheiro e Raphael Souza dividem cela (Reprodução)
Embora não tenha estrutura e nem espaço para funcionar como cadeia pública, o Batalhão do Comando de Policiamento Especial (CPE), localizado no conjunto D. Pedro 2, Zona Centro-Oeste, está abrigando 12 presos de Justiça, alguns considerados de alta periculosidade e outros “celebridades” do crime. Eles dividem o espaço com tropas militares formadas por policiais de elite, como o grupo de grupo de Manuseio de Artefatos Explosivos (Marte), a Cavalaria e o Comando de Operações Especiais.
Entre eles estão o ex-juiz trabalhista Antônio Branquinho, o ex-prefeito de Coari Adail Pinheiro - ambos acusados de crime de pedofilia -, o filho do ex-deputado Wallace Souza, Raphael Wallace Souza, o ex-policial militar Claudiney Feitosa, condenado a 30 anos pela morte do técnico agrícola Fred Fernandes Júnior, e o soldado Marcos Pinheiro, acusado de matar, motivado por ciúmes, os estudantes Ewerton Felippy Marreiros e Bruno Menezes de Souza, em março de 2012.
O comandante do CPE, coronel Fabiano Bó, faz questão de destacar que o local não é apropriado para guardar presos de Justiça, e que não tem as mesmas normas de segurança que são adotadas nos presídios. “Aqui é um lugar seguro, mas não é cadeia, e nem tem estrutura para isso”, disse Bó.
Segundo ele, os presos ficam em celas e em salas que foram adaptados para servir de celas. Porém, segundo Bó, nenhum preso quer sair de lá, porque conseguem ter algumas “vantagens”. Uma delas é a facilidade que os familiares têm para visitá-los e outra é que, por não ser um presídio, o local não tem as mesmas normas de segurança de uma cadeia, no que diz respeito à entrada de objetos, como celulares. “Por via de regra não é permitida a entrada desses aparelhos aqui”, disse Bó, reconhecendo, porém, que não há normas rígidas para impedir o acesso dos aparelhos.
O comandante diz que os presos dividem a cela com mais dois, ficam trancados, recebem a mesma alimentação da tropa e a maioria faz algum tipo de atividade laboral interna, com exceção do prefeito Adail Pinheiro, que desde que foi preso não sai da cela nem para o banho de sol. Segundo Bó, Adail está dividindo a cela com dois criminosos acusados de homicídio.
Um dos advogados de Adail, Roosevelt Jobim, disse que o cliente passa a maior parte do tempo lendo e não quer receber visita, a não ser dos advogados e de familiares. Além destes, o prefeito tem recebido a visita de membros do Ministério Público Estadual, que fiscaliza o local onde ele está preso. Foram duas visitas em duas semanas.
Unidade não tem vagas para ‘novatos’
O comandante do CPE, Fabiano Bó, afirmou que o quartel está com a capacidade esgotada para receber novos presos. Segundo ele, a presença dos presos que estão lá não atrapalha a atividade policial. “Eu tenho minha atenção voltada para o policiamento especial, porque esta é a nossa finalidade”, disse.
Segundo Bó, alguns presos ajudam na rotina interna do quartel. Eles cuidam dos cavalos e limpam as baias onde ficam os animais.
O problema, segundo ele, é que as unidades militares não são planejadas para receber presos de Justiça. A guarda do quartel é quem fica responsável pelos presos. “O quartel não é cadeia, não sou diretor de presídio e não tenho carcereiros”, disse. As visitas acontecem aos sábados, domingo e feriados, das 8h às 17h, mediante revistas.
Ex-juiz preso por pedofilia é auxiliar de serviços gerais
O ex- juiz trabalhista Antônio Branquinho deverá ficar um bom tempo preso no CPE. Ele foi condenado à pena de 33 anos de prisão em regime fechado por pedofilia e aproveitamento indevido do cargo público e do poder da autoridade de juiz.
O ex-magistrado foi condenado também à perda da aposentadoria. Ele foi preso em 2009.
“O Branquinho é tranquilo, leva uma vida simples e não nos dá nenhum problema”, disse o comandante Fabiano Bó, sobre o comportamento do preso.
O ex-juiz também divide a cela com mais dois presos. Ele foi transferido para o CPE em 2011, por determinação do juiz José Renier da Silva Guimarães, atendendo o pedido da defesa do preso, o advogado Lino Chíxaro, que justificou o pedido dizendo que a mudança ia facilitar a visita do preso por seus familiares.
O comandante disse que Branquinho trabalha como auxiliar de serviços gerais no quartel e, às vezes, sai para ir ao médico. Recentemente foi submetido a uma cirurgia. Segundo Bó, ele não conversa muito com os demais presos.
Crime
A polícia conseguiu provas que comprovam que o magistrado mantinha relações sexuais com crianças e adolescentes. Os trabalhos da polícia dão conta de que as orgias promovidas pelo juiz ocorriam nas dependências da Vara do Trabalho de Tefé. Branquinho contava com o apoio dos funcionários públicos Azenir do Carmo, Jackson Medeiros e João Batista para recrutar as vítimas. Ambos também tiveram as suas prisões decretadas pela Justiça do Amazonas.
Condenado
Claudiney Feitosa é ex-soldado da Polícia Militar. Ele perdeu a função quando foi condenado a 30 anos de prisão por envolvimento no “Caso Fred”.
Notícias
Fabiano Bó disse que não costuma procurar saber o que levou a Justiça a determinar os presos a cumprirem pena no quartel. Ele afirmou que, quando chega ao quartel, pede informações da guarda sobre os presos, procura saber se passaram a noite na cadeia e se houve algum problema.
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